Há momentos em que o simples ato de abrir um caderno parece uma montanha intransponível para algumas crianças e adolescentes. Pais observam, ansiosos, o desinteresse crescer — e, muitas vezes, interpretam a resistência como preguiça, desmotivação ou desrespeito. Mas, e se essa recusa for, na verdade, um pedido silencioso de ajuda?
Vivemos tempos de hiperestimulação e cobrança. O ambiente escolar e as pressões externas — notas, desempenho, comparações — têm impactado a saúde emocional dos jovens de forma profunda. E quando o aprendizado se associa à tensão, o cérebro ativa mecanismos de defesa: evita, adia, foge. É o corpo dizendo “assim não dá”.
No livro Crianças Desafiadoras (Luciana & Clay Brites, 2019), encontra-se uma abordagem equilibrada para entender comportamentos difíceis como a resistência ao estudo — mostrando que nem sempre “não querer” é desinteresse, mas, muitas vezes, expressão de angústia, necessidade de suporte ou insegurança.
Essa mudança de olhar é essencial: quando o filho não estuda, talvez o que falte não seja disciplina, mas segurança emocional.
Na prática, isso significa acolher antes de corrigir. Em vez de insistir com frases como “você precisa se esforçar mais”, experimente perguntar:
“O que está tornando o estudo difícil para você agora?”
Esse tipo de escuta abre espaço para o diálogo e permite que a criança reconheça seus próprios desafios — passo essencial da metacognição, tema que já exploramos neste texto sobre aprender a aprender com presença e propósito.
Estratégias para apoiar sem pressionar
- Crie rituais de estudo leves e previsíveis. Rotina dá segurança e diminui a resistência.
 - Use a curiosidade como aliada. Transforme o conteúdo em algo próximo da realidade do seu filho.
 - Valorize o processo, não apenas o resultado. Cada pequeno avanço é uma conquista.
 - Pratique o autoacolhimento. Pais cansados e frustrados também precisam respirar. Antes de exigir presença, cultive a sua.
 
Um breve exercício pode ajudar:
Sente-se ao lado do seu filho, respirem juntos por três minutos, em silêncio.
Depois, diga: “Estou aqui. Vamos descobrir juntos como facilitar esse momento?”.
A educação é, acima de tudo, um encontro. E quando o encontro acontece com escuta e respeito, o estudo volta a ser ponte — não muro.
Namastê
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