“Esse tema é uma reflexão sobre os dias atuais. Nós, pais, trabalhamos muito. Uma rotina pesada e cansativa que não nos permite, muitas vezes, pararmos e olharmos para o todo. Porém, precisamos ter o momento de: Como foi seu dia? E ouvir… ouvir com atenção e interação.
O hábito das refeições à mesa é fundamental — e sem celular. Sempre devemos conversar com nossos filhos e passar tempo de qualidade. Essa palavra é importante… qualidade. Trinta minutos de presença valem mais do que horas em que ninguém, mesmo estando perto, se conecta de verdade.”
Vivemos a era da pressa. Tudo é urgente, tudo precisa ser entregue, respondido, resolvido. Entre compromissos, telas e agendas, as relações familiares estão sendo silenciosamente substituídas por notificações e cansaço.
O problema é que, quando o tempo de convivência se torna apenas logístico — levar, buscar, alimentar, cobrar —, os laços se enfraquecem. E crianças e adolescentes, mesmo cercados de estímulos, sentem a ausência emocional daqueles que mais amam.
O excesso que esvazia
No livro A Coragem de Ser Imperfeito (Sextante, 2013), a pesquisadora Brené Brown afirma que “a exaustão nunca foi uma medalha de honra”. O excesso de compromissos, segundo ela, é uma tentativa de provar valor — mas que nos desconecta do essencial: o afeto, a escuta, o cuidado.
Famílias inteiras têm adoecido por falta de pausa, de conversa e de olhar.
Pais cansados e filhos sobrecarregados vivem em extremos que se tocam: ambos estão exaustos. Um, por tentar dar conta de tudo; o outro, por não conseguir entender o que realmente importa em meio a tantas cobranças.
Tempo de qualidade: o que realmente significa?
Tempo de qualidade não é quantidade. É presença integral — corpo, mente e coração no mesmo lugar. É o momento em que o celular fica de lado e o olhar se encontra.
Pequenos rituais familiares, como refeições juntos, caminhadas ou até o simples “boa noite” sem pressa, constroem vínculos profundos e fortalecem a segurança emocional das crianças.
Em outro artigo aqui no blog, “Crianças ansiosas: sinais de alerta e práticas de atenção plena para o dia a dia”, refletimos sobre como o ritmo acelerado da rotina moderna tem afetado a saúde emocional infantil.
Essa mesma lógica se aplica às relações familiares: a presença é a base da calma e do pertencimento.
Um convite à presença
Nem sempre conseguiremos desacelerar o mundo, mas podemos reduzir a pressa dentro de casa.
Podemos respirar juntos, rir de algo bobo, olhar nos olhos e perguntar:
“Como você está se sentindo hoje?”
Esses gestos simples ensinam mais sobre amor e segurança do que qualquer discurso.
Afinal, o que nossos filhos mais desejam não é perfeição — é nossa presença inteira, ainda que breve.
Namastê

