mindfulness trabalho

A importância da prática da atenção plena na vida cotidiana

Dias intensos, múltiplas tarefas, cobranças que chegam antes mesmo do café terminar. Foi nesse cenário que, recentemente, conversei com um funcionário visivelmente ansioso — corpo tenso, respiração curta, pensamentos acelerados. Ele me contou sobre o peso das demandas diárias e a sensação constante de estar atrasado em tudo.

Expliquei a ele que, muitas vezes, o que mais precisamos não é fazer mais, mas pausar conscientemente. A respiração é uma das portas mais simples e poderosas para o momento presente. Quando inspiramos e expiramos com atenção, o corpo entende que não está em perigo — e o cérebro, antes inundado de alerta, começa a reorganizar-se.

A prática da atenção plena (mindfulness) é, antes de tudo, um exercício de retorno: voltar para o agora, para o corpo, para o que realmente está acontecendo. Não se trata de esvaziar a mente, mas de observar o fluxo dos pensamentos sem ser arrastado por eles.

Como explica Jon Kabat-Zinn, criador do programa Mindfulness-Based Stress Reduction (MBSR) e autor do livro Viver a Catástrofe Total (Palas Athena, 2018), “a atenção plena é a consciência que emerge quando prestamos atenção intencionalmente, no momento presente, e sem julgamento”. Essa prática, que nasceu no contexto da medicina e hoje está presente em escolas e empresas, tem mostrado resultados consistentes na redução do estresse e na melhora da concentração e da empatia.

Pequenas pausas que transformam

Incorporar mindfulness ao cotidiano não requer horas de meditação. Pode começar com gestos simples, como:

  • Três respirações conscientes antes de iniciar uma reunião.
  • Observar o sabor do café sem o celular por perto.
  • Sentir os pés no chão enquanto caminha até o trabalho.

Esses pequenos gestos reeducam a mente e nos devolvem presença. É nesse espaço entre um estímulo e uma resposta que mora a liberdade — a possibilidade de agir com clareza, e não reagir por impulso.

Em outro artigo aqui no blog, Plasticidade com presença: aprendendo a aprender em qualquer fase da vida, falamos sobre como a atenção plena também favorece o aprendizado e a memória. Agora, ampliamos o olhar: é ela também que sustenta nossa saúde emocional e nossa humanidade em meio ao excesso.

Respirar é um ato biológico, mas estar presente é uma escolha. E talvez o verdadeiro equilíbrio comece quando, mesmo no meio do caos, conseguimos ouvir o som da própria respiração.

Namastê

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